TAXONOMIA INTEGRATIVA DE THAPTOMYS THOMAS, 1916
(RODENTIA: CRICETIDAE)

Nome: VICTOR HUGO COLOMBI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 21/02/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Valéria Fagundes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Ana Carolina Loss Rodrigues Examinador Interno
Kátia Cristina Machado Pellegrino Examinador Externo
Lena Geise Examinador Externo
Sarah Maria Vargas Suplente Interno
Valéria Fagundes Orientador
Vander Calmon Tosta Suplente Externo
Yuri Luiz Reis Leite Examinador Interno

Resumo: Thaptomys Thomas, 1916 é um gênero de roedor monotípico endêmico da Mata Atlântica. Apesar da
baixa diferenciação morfológica, dados citogenéticos e moleculares sugerem uma diversidade
subestimada para esse táxon. Assim, o presente trabalho testou a hipótese de que Thaptomys não seja
monotípico, a partir de uma análise integrativa, com dados citogenéticos, morfométricos, moleculares e
de modelagem de nicho, realizando uma revisão taxonômica ampla para o gênero. Foram analisados 201
espécimes (141 cariotipados) de 26 localidades, desde Una/BA até San Raphael, no Paraguai.
Bandeamento G e C, FISH com sondas teloméricas e pintura cromossômica permitiram a caracterização
de cinco cariótipos novos, descritos pela primeira vez: 2n=48/FNA=52, 2n=49a/FNA=52,
2n=49b/FNA=52, 2n=50/FNA=52, 2n=51/FNA=52. Nossos dados sugerem que rearranjos do tipo fusões
cêntricas de quatro pares acrocêntricos (1+15 e 3+4) geraram um par metacêntrico e outro
submetacêntrico grandes, em combinações homozigóticas e heterozigóticas em 2n=48-51/FNA=52. Além
disso, refinamos o mecanismo de diferenciação entre os cariótipos de 2n=50/FNA=48 e 2n=52/FNA=52,
como um rearranjo complexo envolvendo fissão cêntrica desigual de cada homólogo do metacêntrico 25
pequeno, seguido de uma fusão em tandem de cada um braço derivado do 25 nos pares acrocêntricos 2 e
23. As análises filogenéticas (Cytb) recuperaram um “Clado Norte” de abrangência geográfica ampla,
desde Una/BA (2n=50/FNA=48), Luminárias/MG (2n=48-51/FNA=52), até Tapiraí/SP (2n=52/FNA=52)
e as demais amostras formaram uma politomia (“Sul”), desde Tapiraí/SP (2n=52/FNA=52) a San Raphael
e Limoy (Paraguai, sem cariótipo), que divergiram em 2,15%. Espécimes com diferentes cariótipos não
foram recuperados como monofiléticos, embora espécimes com 2n=50/FN=48 tenham formado dois
clados distintos e exclusivos. As análises populacionais (CytB e seis loci de microssatélite) indicaram
Una/BA (2n=50/FNA=48) como uma população distinta das demais, divergindo em 1,89% de
2n=52/FNA=52 e 1,2% de 2n=48-51/FNA=52, sem compartilhamento de haplótipos com outro cariótipo
ou localidade. Morfologicamente, espécimes com 2n=48-51/FNA=52 não apresentaram nenhuma
distinção daqueles com 2n=50/FNA=48 e 2n=52/FNA=52 e que estão isolados geograficamente. A
distribuição geográfica dos diferentes cariótipos mostra que eles nunca foram detectados em simpatria,
que não há evidências de híbridos entre eles e que parecem estar isolados geograficamente, já que Una/BA
(2n=50/FNA=48) dista em 938 km de Luminárias/MG (2n=48-51/FNA=52), e 500km de Santa Teresa/ES
(2n=52/FNA=52). A fixação de um rearranjo cromossômico com alta frequência em uma população, como
as fissões cêntricas e fusões em tandem, observados em espécimes com 2n=50/FNA=48, acarretaria na
separação das populações de Thaptomys em subgrupos não intercruzantes (com e sem o rearranjo
cromossômico), representando uma barreira ao fluxo gênico, como sugerido no modelo de especiação
peripátrico. Assim, populações fundadoras de pequeno tamanho tenderiam a representar espécies
distintas, sendo o cromossomo o fator desencadeador desse processo. A falta de resolução filogenética
em recuperar espécimes com diferentes cariótipos como monofiléticos, somada à distinção morfológica
sutil (não significativa), pode indicar um processo de especiação abrupto, deflagrado pelos rearranjos
cromossômicos complexos em que as linhagens não tiveram tempo de acumular diferenças. Diante desses
dados, propõem-se uma interpretação bem mais complexa, em que Thaptomys seria representado por duas
espécies, sendo (I) Thaptomys sp. n., com 2n=50/FNA=48, exclusivo de Una, na Bahia; e (II) Thaptomys
nigrita, apresentando polimorfismo cromossômico, com 2n=48-52/FNA=52, com três subespécies, sendo
(III) Thaptomys nigrita ssp. n., com 2n=48-51/FNA52, exclusiva de Luminárias, em Minas Gerais, (IV)
Thaptomys nigrita nigrita (subespécie nominotípica; 2n=52/FNA=52), ocorrendo de Santa Teresa (ES)
até Tapiraí (SP) e (V) Thaptomys nigrita subterraneus (2n=52/FNA=52), de Pilar do Sul (SP) à San
Raphael (Paraguai).
Palavras-chave: especiação, citotaxonomia, taxonomia integrativa, Mata Atlântica.

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